XIII ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH-PB
Relação de Mini-Cursos

101 Historiografia e Hermenêutica: Travessias de Michel Foucault e Michel de Certeau
Auricélia Lopes Pereira - UEPB

Este mini-curso tem como preocupação discutir hermenêutica enquanto método (im)possível para a operacionalização historiográfica. A hermenêutica tem como princípio a compreensão. Na historiografia, trabalhos como o de Robert Darton fizeram uso desse método para pensar o "idioma geral" de uma época. Darton se propõe a compreender " acontecimentos' que, na nossa tópica de conceitos atual, não têm sentido, não carregam significados coerentes com relação aos nossos códigos de referência. Assim, trabalhar com a hermenêutica implica no reconhecimento da historicidade dos signos, mas na mesma medida é estar consciente de que a diferença não é a fronteira do conhecimento, mas apenas o lugar a partir do qual a alteridade se dá e se faz compreender. Tal entendimento leva pensadores com Michel de Certeau e Michel Foucault a se distanciarem do método hermenêutico, uma vez que pensam a operação historiográfica como lugar a partir do qual se instaura uma relação com o passado que não é de entendimento, de compreensão, mas de corte, cisão, colonização.

102 A história a partir dos de baixo: Thompsom e Brecht
Romero Venâncio – UFS
 

O curso tem por objetivo estabelecer uma relação entre o historiador E. Thompson e o teatrologo B. Brecht a tendo como ponto em comum a idéia de "história a partir dos de baixo". Na primeira parte caracterizamos o marxismo dos dois teóricos e na segunda estabelecemos as relações teóricas presente em algumas obras de Brecht e Thompson.

103 Estudos Culturais & História Social E Cultural: Problematizando Paradigmas Teórico-Metodológicos na Historiografia
Gervácio Batista Aranha - UFCG

A chamada Escola dos Annales, emergente na França a partir de fins da década 1920, legou-nos diversas correntes e possibilidades de abordagens e interpretações dos temas na historiografia. Dentre elas, destacamos aqui três campos possíveis que hoje predominam na pesquisa em História: a História Social, a História Cultural e os Estudos Culturais. Vale ressaltar, que as fronteiras entre tais pressupostos teórico-metodológicos são sutis, em razão dos entrecruzamentos e das permutas que acompanham e perpassam a análise do historiador quando desafiado no exercício de seu métier. A História Cultural ainda não está estabelecida de maneira sólida, pelo menos no sentido institucional, em decorrência da amplitude, indefinição e questionamentos que o conceito de Cultura encerra. Em um período de fragmentação, especialização e relativismo, a História Cultural, no diálogo constante e necessário com a Antropologia, atende também a questões de especialistas de outras disciplinas. Como os antropólogos; os "novos" historiadores culturais preferem o estudo de "Culturas" no plural, no intuito de atender às especificidades de cada sociedade e temporalidade. A História Cultural, nos seus aspectos variados e fatores que a unificam, tornou possível questionarmos as abordagens estreitas dos objetos, promovendo um alargamento do estudo das práticas, atitudes e valores simbólicos; tendo em vista compreender os âmbitos da política, da economia, da sociedade, etc. No que tange à compreensão das especificidades do campo da História Social, é necessário levar em consideração os fatores que a fizeram emergir do interior dos Estudos Culturais, na década de 1960, atentando para a sua prioridade em abordar as categorias populares e a cultura dos grupos sociais. Nesse sentido, o presente mini-curso visa problematizar as especificidades teórico-metodológicas, temáticas e diversidades de abordagens, diálogos, influências e fronteiras que permeiam a História Social, História Cultural e os Estudos Culturais, atentando para os seus conceitos e diferenciações no campo dos estudos históricos. Visa ainda, discutir como tais temas têm sido abordados por meio de pesquisas ou de estudos recentes pelos historiadores.

104 A História Social Inglesa
Emanuel Candeia Cavalcante - UFPB
Bernardo de Castro Fernandes - UFPB

A História Social Inglesa é uma corrente historiográfica que vem possibilitando a ampliação do campo de investigação da pesquisa histórica com a emergência de novos agentes de pesquisa como, por exemplo, crianças, prisioneiros, mulheres e camponeses. As origens dessa corrente podem ser encontradas no pós segunda guerra mundial através da intensa atuação dos historiadores comunistas britânicos pela defesa da bandeira do pensamento livre, contra o reacionarismo da historiografia tradicional. Esses historiadores fundam em 1946, dentro do Partido Comunista Inglês, o Communist Party Historians' Group, que se configura como a ala intelectual do partido formada por historiadores marxistas. Este grupo cumpriu um papel fundamental no rompimento com a tradicional historiografia empirista na Inglaterra. Participavam do grupo nomes como Christopher Hill, Rodney Hilton, Eric Hobsbawm, Raphael Samuel, Dorothy e Edward Thompson, George Rudé, entre outros. Todos esses historiadores trilham um campo comum no que diz respeito à concepção de história e buscam a abordagem, nos marcos do materialismo histórico, que contemple o ponto de vista social. A História Social Inglesa, marcada por um claro posicionamento político, a partir dos anos 50, tem oferecido uma contribuição muitíssimo importante ao desenvolvimento dos estudos históricos, em especial, no que diz respeito à história vista de baixo, à história do trabalho e à história cultural. Este curso objetiva discutir as questões que envolvem a História Social Inglesa, sua influência no Brasil e como este seguimento encontra-se presente nas nossas experiências no campo da pesquisa e produção da escrita historiográfica.

105 Fotografia e Literatura para a escrita da História das Cidades
Severino Cabral Filho - UFCG
José Benjamim Montenegro – UFCG

O nosso objetivo com o presente Curso é abordarmos algumas das possibilidades que vêm sendo abertas no campo da historiografia no tocante ao uso de materiais para a escrita da História. Os historiadores há muito conhecem as mudanças que estão ocorrendo no nosso ofício desde a contribuição dada por Lucien Febvre e Marc Bloch, com a chamada Escola dos Annales, assim como de outras contribuições historiográficas posteriores. O estudo das cidades muito ganhou com todas essas revoluções na historiografia, ainda mais aqueles estudos relativos às transformações urbanas verificadas a partir de meados do século XIX, tomando a reformulação da Paris do Barão Haussmann como paradigma. O Rio de Janeiro do prefeito Pereira Passos foi o modelo que se impôs para as reformas urbanas verificadas no Brasil a partir do início do século XX.
Essas operações no tecido urbano foram registradas das mais diversas formas, sobretudo se levarmos em consideração a emergência e o uso de um poderoso equipamento que deu uma ênfase especial aos processos de reconstrução de cidades brasileiras: a câmera fotográfica. Da mesma forma, as cidades em processo de reforma foram objetos ainda de letrados dos mais diversos matizes: os favoráveis às idéias de progresso e de civilização que as reformas urbanas refletiam, assim como daqueles contrários a tais paradigmas modernizantes.
Assim, recorreremos a essa dupla forma de produção de imagens urbanas para pensarmos sobre a cidade do Rio de Janeiro durante o processo de sua transformação no alvorecer do século XX. Trabalharemos com algumas imagens fotográficas produzidas por Augusto Malta, fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro, que foi um entusiasta dessas mudanças. Por outro lado, pensaremos o Rio de Janeiro em processo de transformação a partir de crônicas de Lima Barreto, um crítico mordaz do pensamento modernizador em voga naqueles tempos.

106 Cidades (In)Dizíveis: Cultura, Memória E Oralidade
Luira Freire Monteiro (UEPB)
Flavio Carreiro de Santana (UEPB
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Aproximar as discussões entre as problemáticas "Cidade" e "Memória" possibilita a descoberta de evidências surpreendentes e inovadoras no campo historiográfico. Para tanto, esse espaço pretende discorrer algumas considerações a cerca do ofício do historiador no que tange aos usos e demarcações dos termos, numa perspectiva epistemológica e prática. Mesmo não se atendo a ela, levantaremos os manejos da metodologia da história oral enquanto possibilidade de trabalho com os relatos de memória, perscrutando a cidade em seus diferentes lugares e espaços, em suas práticas cotidianas e enunciações da fala.

107 Enredando Campina Grande nas teias da cultura: (des)inventando festas e (re)inventando a cidade - 1965-2002
Wagner Geminiano dos Santos – UFPE

O objetivo deste mini-curso é discutir como a cidade de Campina Grande foi produzida e (re)inventada por diferentes práticas discursivas e não discursivas após o seu centenário ocorrido em 1964, engendrando com isso novas relações de poder na sociedade local que passam a dispor e a constituir novos espaços e lugares de batalha em torno e sobre a imagem que se queria inerente a cidade: a de uma cidade grande, moderna, desenvolvida e progressista. E nestes embates alguns campos de batalha são colocados como centrais na e para a nova cara que a cidade ia tomar a partir da década de 70: o espaço das festas. Pensamos esta discussão a partir e com determinados discursos (jornalístico, historiográfico, político-partidário, memorialístico etc.) buscando ver e dizer como estes não só procuram descrever a cidade, mas, antes, a (re)inventam e a instituem para ser consumida, usada, pensada, imaginada de determinadas maneiras pela sociedade que a habita.

108 Festas e Funerais na Província do Rio Grande
Annie Larissa Garcia Neves Pontes - UFPB

O presente mini-curso visa expandir o conhecimento em História Cultural a partir do estudo das manifestações sócio-culturais sob a perspectiva das festas e dos ritos fúnebres, organizados pelas as Irmandades Religiosas presentes na Cidade do Natal, capital da Província do Rio Grande. As Irmandades Religiosas potiguares tiveram uma presença marcante na História do Rio Grande do Norte. Fosse organizando festas, procissões ou ritos fúnebres, estavam sempre presentes na vida ou na morte de seus membros. No século XIX, a Cidade do Natal, possuía cinco Irmandades: a do Senhor Bom Jesus dos Passos, Bom Jesus dos Martírios, Santo Antônio dos Militares, Nossa Senhora do Rosário de Natal e Santíssimo Sacramento. Através da análise do funcionamento dessas instituições religiosas pretende-se proporcionar um maior conhecimento sobre os aspectos sociais e religiosos que permearam o cotidiano natalense oitocentista, tornando compreensível a importância das festas, procissões e funerais organizadas pelas Irmandades Religiosas e as relações sociais fomentadas por estas no seio da sociedade natalenses, uma vez que tais manifestações sócio-culturais estão diretamente ligadas a possibilidade de se esquecer temporariamente as tensões cotidianas da vida, de mostrar-se como realmente se é ou se deseja ser, e também de refletir sobre a morte.

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Inventários post mortem e processos crimes no fazer da história
Paula Faustino Sampaio - UFPE
Emanuel Lopes de Souza - UFPE

O mini-curso tem por intenção apresentar e analisar possibilidades de produção de histórias locais e nacionais, utilizando como fontes de pesquisa inventários post mortem da segunda metade do século XIX e processos criminais da primeira metade do século XX. Os inventários post mortem da região da Mata Seca de Pernambuco favorece diversas possibilidades de estudo, tanto na perspectiva das relações sociais entre os cativos e os proprietários (escravaria, fugas e alforrias), quanto da produção econômica (cana, algodão, pecuária, preços de escravos e produtos), quanto ainda de dados culturais (que se revelam, por exemplo, nas contas dos enterramentos). Por sua vez, os processes crimes sobre defloramento, rapto, estupro e agressão constituem também uma fonte importante sobre o cotidiano, as relações afetivas e sociabilidades de homens e mulheres dos grupos populares no interior da Paraíba. Para construímos histórias que utilizam estas fontes se faz necessário pensar as condições de sua produção, compreender a discursividade e estrutura dos processos crimes e inventários, preparar ficha de pesquisa e identificar temas e acervos de pesquisa. Por isso, este mini-curso tem a intuito de possibilitar contato com estas fontes e formas de trabalhar com elas num diálogo com a historiografia.

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Darcy Ribeiro e suas perspectivas brasílicas
Flávio Dinoá Buriti - UEPB

Este Mini-Curso traz alguns dados biográficos da vida deste autor multifacetado, que começou a vida como antropólogo, foi professor, político e romancista. A proposta aqui pretende discutir como Darcy Ribeiro foi influenciado por suas experiências de vida, sua personalidade e aspirações políticas. Logo, pretende-se buscar elucidar a brasilidade dentro de sua visão pessoal do que seria o povo brasileiro, de acordo com o resultado de sua pesquisa.
Sua maior contribuição para a Antropologia foi o estudo sobre os índios do Brasil, onde traça elementos importantíssimos para a compreensão do processo histórico da formação do povo brasileiro, com a discussão de conceitos como cunhadismo, transfiguração étnica e ninguendade em busca de uma brasilidade. O título Darcy Ribeiro em busca da brasilidade já traz em si a idéia de que o autor pretendia deixar um rico legado para a historiografia brasileira, e se juntar aos grandes autores de Casa Grande e Senzala e Raízes do Brasil. Sem dúvida, sua principal obra O povo brasileiro, apesar de lançado há pouco mais de dez anos, já se põe como um clássico da historiografia. Sua nova forma de pensar a brasilidade, seus conceitos e suas ferramentas teóricas acrescentam novos ingredientes na esteira da busca de uma melhor compreensão dos fundamentos da formação da sociedade brasileira.

111 Do livre mercado ao mercado livre
Damião de Lima - UFPB

O Objetivo é discutir as diversas modificações e inovações ocorridas no campo político e econômico durante o século XX. Inicialmente, realizaremos a discussão com o exame do postulado econômico liberal e seu correspondente político, a democracia liberal dominante até os anos 20; a seguir vamos inserir o cenário de crise e contestação política e econômica a esse modelo de desenvolvimento, no final dos anos 20 e início dos anos 30. Na seqüência, passaremos pelo surgimento dos novos modelos de desenvolvimento que predominaram até a II Guerra, ou seja, o modelo de intervenção econômica e política Nazista e Socialista; e, adentraremos no novo modelo de desenvolvimento surgido dos escombros da II Guerra; o Welfare State e suas variantes nacionais. Ainda, nesta trajetória, analisaremos a crise dos anos 70 e 80 e sua "possível" solução com o Consenso de Washington e o neoliberalismo e, finalmente, discutiremos as mudanças ocorridas no mundo, nesse início de século XXI, tendo como cenário o pós-atentado de 11 de setembro e seus desdobramentos. Destacamos que toda essa discussão terá como meta relacionar as mudanças citadas acima com as transformações políticas, econômicas e sociais acontecidas no cenário Brasileiro e Nordestino no período correspondente. Destarte, discutiremos as principais transformações ocorridas nas formas de organização da produção, bem como nas formas de organização política e social vivenciadas pelos povos que viveram esse conturbado e fascinante século.

112 Maçonaria no Brasil: História e Historiografia
Augusto César Acioly Paz Silva - AEDAI/FAFOPAI

O presente mini-curso tem como objetivo principal, discutir a Maçonaria no Brasil enquanto objeto historiográfico, enfatizando a sua constituição Histórica nos planos nacionais e locais, preocupando-se em destacar as principais vertentes e contribuições historiográficas que nos últimos anos vêm ajudado a estabelecer Maçonaria no Brasil enquanto objeto de estudo histórico.

113 Patrimônio e memória: da teoria à sala de aula
André Cabral Honório - UFPB
Yanucha Martin de Carvalho - UFPB
 

O crescente debate sobre patrimônio, e suas implicações na sociedade contemporânea, exigem que o historiador volte a sua atenção para o assunto. É fundamental que eles estejam preparados para lidar com a extensa e complexa discussão que cerca a preservação da memória através do patrimônio, que envolve desde interesses sociais até questões políticas e econômicas. Por meio de debates direcionados e da exibição do documentário "Os Budas gigantes", pretende-se apresentar as noções básicas necessária para compreender o desenvolvimento da consciência patrimonial e das diversas questões que tangenciam a problemática da preservação do patrimônio. O objetivo principal deste mini-curso é apresentar uma proposta de metodologia educacional capaz de ser aplicada nas salas de aula dos ensinos médio e fundamental das escolas públicas e particulares do Estado da Paraíba. Para isso será necessário apresentar o embasamento teórico e técnico das questões que rondam o patrimônio, para que se possa compreender e aplicar com maior sucesso a metodologia de educação patrimonial proposta neste curso.

114 Nova História Política e Ensino de História
José Luciano de Queiroz Aires - UEPB

O objetivo desse mini curso é refletir sobre as possibilidades de trabalhar a história política na sala de aula do ensino fundamental e médio numa abordagem renovada. Para tanto, precisamos discutir os aspectos teórico-metodológicos da história política, procurando compreender as ressignificações pelas quais tem passado e avaliar essa aproximação com a antropologia. Entretanto, esse mini curso irá focar a questão pensando a renovação da história política nos níveis da Educação Básica.

115 Intertextualidades: Literatura e Dramaturgia nas Aulas de História
Vanuza Souza Silva - UEPB
Manuela Aguiar - UEPB
 

Este mini-curso propõe, no primeiro momento, uma discussão entre história e literatura/dramaturgia no campo da teoria/historiografia, mas também, e principalmente, no cotidiano da sala de aula. O primeiro momento da pesquisa fará uma discussão sobre os embates entre a história e literatura, que desde o século XIX vêm tentando definir lugares para a história e para a literatura e dramaturgia, aprofundando-se na discussão da pós-modernidade, que definitivamente, rompe com as linhas que ainda tentam fazer crer numa brusca separação entre história e literatura, como se ambos fossem saberes díspares, reproduzindo a velha dicotomia que afirma que a história é o lugar da cientificidade e a literatura, lugar da imaginação. O mini-curso discutirá quais os principais desafios do trabalho do historiador com a literatura, as diferentes abordagens sobre essa relação e as possibilidades de usos da dramaturgia e literatura no discurso do historiador na contemporaneidade. O segundo momento do curso fará, pois, uma discussão sobre o uso de textos dramatúrgicos na sala de aula, especificamente, sobre os usos de textos dramatúrgicos nacionais/regionais para pensarmos a história a partir dos mesmos, tentando perceber de que maneira o teatro nacional e regional podem se tornar outras possibilidades de saberes na sala de aula. Desse modo, serão trabalhados os textos de Ariano Suassuna e Lourdes Ramalho, para a discussão metodológica do uso da dramaturgia na sala de aula, estes se constituindo como autores entre as décadas de 60 e 70 no Brasil, trazem nos seus textos, olhares sobre a sua cultura nacional e regional, desta forma, é interessante pensar as identidades locais e regionais com base nesses textos, discutindo assim, metodologias sobre como trabalhar textos dramatúrgicos na sala de aula.

116 Traduzindo o Feminino: O Uso da Categoria de Gênero na Pesquisa Histórica
Rosilene Dias Montenegro - UFCG
Herry Charriery da Costa Santos - UFCG
 

Neste mini-curso pretendemos narrar como, através de um diálogo com os movimentos sociais de mulheres, feministas, gays e lésbicas, foram se constituindo algumas categorias de análises que hoje estão presentes em vários campos de conhecimento e a pesquisa histórica, sendo, portanto, interdisciplinar. Buscaremos focalizar, neste mini-curso, especialmente a categoria de análise como: "mulher", "mulheres", "sexo" e "sexualidade" são usadas por historiadores e historiadoras. Além disso, como se trata de um debate teórico, por vezes considerado intricado, nossa intenção é muito mais traduzir este debate partindo das novas pesquisas e sensibilidades possibilitadora de múltiplas questões da história cultural.

117 Da Visualidade à Construção da Visibilidade do Negro: Identidade, Cotidiano e Memória
Patricia Cristina de A Araújo - UEPB
Maria Lindaci Gomes de Souza - UEPB

O objetivo deste mini-curso é refletir sobre o processo de construção da identidade étnica e cultural de negros e negras a partir dos seguintes aspectos: identidade, cotidiano e memória. Busca identificar e evidenciar as representações construídas sobre a etnia negra assim como o imaginário social preconceituoso presente na cultura brasileira. A etnia negra é focalizada a partir das iconografias e processos de exclusão de um passado de servilismo e de marginalidade social pós-abolição.

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A vez dos outros: reflexões e apontamentos para uma história indígena
Lício Romero Costa - UFPB
Bruno Celso Sabino Leite – UFPB

Dentre os domínios da história e suas inúmeras possibilidades, uma temática que vem conquistando a atenção e o reconhecimento dos historiadores brasileiros nas últimas décadas é a história indígena. Fato compreensível, pois os povos indígenas no Brasil possuem uma participação complexa e de grande importância no processo histórico nacional, muitas vezes não visualizada a contento. Durante tempos a participação indígena na história brasileira e seu papel na construção de nossa sociedade nos foram apresentados de uma maneira secundária, como um apêndice, onde os indígenas ganhavam contornos de meros coadjuvantes: visão essa ainda presente em muitos espaços de nossa sociedade e em nossas salas de aula, se não por uma concordância consciente, ao menos por um silêncio incômodo, por vezes fruto de mera desatenção ou desconhecimento sobre o assunto. Ainda conforme a tradicional visão historiográfica, voltando agora ao século XIX, os indígenas ganharam também outros contornos, ora em uma perspectiva romantizada, como heróis nacionais, representantes primeiros do orgulho e da nacionalidade pátria, ora como bárbaros e selvagens representantes da incivilidade que o progresso da sociedade branca iria sanar; ambas as visões afastadas da necessidade de entendermos tais povos como sujeitos carregados de historicidade, com seus próprios costumes, identidades, visão de mundo e maneiras de se relacionar com esse mesmo mundo. Nesse sentido, acompanhando a tendência atual da disciplina histórica em nosso país, influenciada pelas reflexões e tendências francesa (na busca pelo alargamento dos horizontes da história através do uso de novas abordagens, objetos e problemas, proposto pelo Movimento dos Annales) e inglesa (através da proposição de uma história de baixo pra cima, contrapondo-se à história tradicional oficialmente aceita), propomos este mini-curso como forma de refletir sobre algumas das questões teóricas que perpassam as discussões sobre a escrita de uma história indígena nacional e regional, centrando nossas reflexões na história indígena do Período Colonial, mas buscando construir diálogos com visões e perspectivas de outros períodos históricos. Pretendemos abordar conceitos importantes relacionados ao tema, como alteridade, etnicidade e etnogênese, bem como apresentar e discutir sobre as fontes disponíveis para o estudo dessa história no Brasil Colônia, como as fontes documentais manuscritas, relatos de cronistas e obras historiográficas.